domingo, 30 de agosto de 2015

ROTEIRO DA LISBOA DE EÇA DE QUEIROZ VISTO PELOS OUTROS


A Fundação Manuel Simões é o exemplo vivo do que deve ser uma fundação.
Iniciativa de Manuel Simões, que em meados da década de 1940 abriu a Discoteca do Carmo, no Chiado, dedica-se à defesa do património cultural e a ajudar quem mais precisa.
Aqui vos deixo a recensão ao nosso Roteiro no seu blog, que muito nos satisfaz.

O “Roteiro da Lisboa de Eça de Queiroz e seus arredores”, revisto e aumentado, de autoria de A. Campos Matos, revela a geografia literária dos romances do autor d’”Os Maias”.
“A importância desta geografia literária resulta eminentemente de uma arte narrativa levada ao extremo apuro, o que torna muito insinuantes percursos pedonais que hoje podemos fazer na Lisboa queirosiana que esta obra elucidará”, escreve o investigador, no prólogo.
Surge assim, entre outras, a indicação, por parte de Campos Matos, do solar dos Maias na rua 1.º de Maio, frente à Carris, a Santo Amaro, o Casino Lisbonense, no atual largo Rafael Bordalo Pinheiro, a rua do Carvalho, no Bairro Alto - atualmente, rua Luz Soriano -, onde se localiza a residência do poeta romântico Tomás de Alencar, personagem d’”Os Maias”.
Campos Matos, estudioso da obra de Eça de Queiroz, acompanha algumas das descrições dos lugares com fotos, algumas de época. Podemos assim observar a fachada do café Áurea Peninsular, na rua do Ouro, atualmente nos n.ºs 183-185, que está relacionado com o médico Julião Zuzarte, do romance “O primo Basílio”, “personagem irreverente, ressabiada com tudo e todos, azedo e hostil, por se sentir falhado”, escreve Campos Matos. Há outros cafés citados, designadamente o Martinho, no atual largo D. João da Câmara, junto à Estação do Rossio, e o Montanha, na rua dos Sapateiros.
O cemitério dos Prazeres, construído em 1833, é outras das referências, cenário escolhido para Maria Eduarda, d’”Os Maias”, visitar a campa do avô, mas também onde Vítor visita a sepultura de Genoveva, em "A tragédia da rua das Flores”.
Além desta rua, entre o Cais do Sodré e a praça Camões, são várias as artérias da capital referenciadas pelo investigador, assim como largos, à semelhança do de Barão de Quintela, arcos, referindo o demolido arco de S. Bento (reconstruído entretanto na praça de Espanha), praças, muito especialmente a do Rossio, a primeira que o escritor conheceu quando regressou dos estudos em Coimbra, onde viviam os seus pais, em particular o 4.º piso do edifício onde hoje está instalado o Café Nicola.
O "Roteiro da Lisboa de Eça de Queiroz e seus arredores", publicado pela Parceria A.M. Pereira, inclui ainda, entre outros, o cemitério do Alto de S. João, o Circo Price, demolido com o prolongamento da avenida da Liberdade, que foi rasgada passando por cima do antigo Passeio Público, que Eça refere em várias obras, a calçada do Combro, a então rua de S. Francisco, atual rua Ivens, o Jardim da Estrela e o das Amoreiras.
Além da capital, A. Campos Matos refere também a geografia dos arredores, nomeadamente a “Porcalhota” (atual Amadora), Cascais, Sintra, com destaque para o paço real e o Hotel Lawrence, e Colares.
Cascais justifica-se “como lugar biográfico de muita significativa expressão”; Colares, muito representativo d'“O primo Basílio”; Sintra, onde decorreram episódios d’”Os Maias” e d’”A tragédia da rua das Flores”; a Porcalhota também é citada n’”Os Maias”, povoação onde Carlos da Maia e o maestro Cruges comem um coelho guisado, durante um passeio de “break”.
O Roteiro faz ainda uma referência ao Círculo Eça de Queiroz, em frente ao ex-Casino Lisbonense, fundado em 1940 por António Ferro, então diretor do Secretariado de Propaganda Nacional.
Campos Matos inclui cinco mapas: um do passeio de Luísa com o conselheiro Acácio, personagens d’”O primo Basílio”; outro de um percurso do largo do Calhariz aos Restauradores, passando pelo Chiado; um outro do Cais do Sodré ao Rossio, passando pelo Terreiro do Paço; uma planta geral da cidade oitocentista, com a sinalização de todos os locais referenciados; e ainda dos locais referenciados na vila de Sintra, nos arredores da capital.
Arquiteto e urbanista por formação académica, Campos Matos tem estudado sistematicamente a obra do autor d’”A cidade e as serras”, desde 1976, quando publicou o livro “Imagens do Portugal Queiroziano”, cuja terceira edição saiu em 2004. 
Entre outras obras, publicou, em 1995, as cartas inéditas entre José Maria d’Eça de Queiroz e sua mulher, Emília de Castro Pamplona, filha dos condes de Resende.




quinta-feira, 27 de agosto de 2015

DESENHO DE FERNANDO PESSOA POR SIMONETTA CAPECCHI

A Arquiteta italiana Simonetta Capecchi é a Autora do desenho de Fernando Pessoa que ilustra o 3º volume da Coleção Pessoana.
A Autora tem uma grande admiração pelo Poeta e ilustrou uma edição fac-similada da Mensagem, durante uma visita a Portugal em 2011.
Aqui fica a ilustração que abre o 3º volume, que chegará às livrarias em 23 de Setembro.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

VOLUME 3 DA COLECÇÃO PESSOANA NAS LIVRARIAS DIA 23 DE SETEMBRO

É com muito prazer que informamos que o volume 3 da nossa Colecção Pesssoana chegará às livrarias no dia 23 de Setembro.
Quadras, mostra Fernando Pessoa enquanto poeta popular, reinventando o mais simples dos formatos poéticos com a mestria que lhe é reconhecida, usando-o para tocar temas muitas das vezes ausentes de maneira tão explícita no resto da sua obra, como o humor ou o universo feminino.
Já em 1914, Pessoa escreve um breve testemunho para o livro de quadras de António Ferro e Augusto Cunha intitulado Missal de Trovas, onde diz o seguinte:
"A quadra é o vaso de flores que o Povo põe à janela da sua Alma. Da órbita triste do vaso obscuro a graça exilada das flores atreve o seu olhar de alegria. Quem faz quadras portuguesas comunga a alma do Povo, humildemente de nós todos e errante dentro de si própria. Os autores deste livro realizaram as suas quadras com destreza lusitana e fidelidade ao instinto e desatado da alma popular.
Elogiá-los mais seria elogiá-los menos".
Como salienta Nuno Hipólito, Pessoa vai escrever a maioria das suas quadras não no seu período saudosista, mas sim entre 1934 e 1935, ou seja, nos últimos dois anos de vida.
Só no dia 11 de Julho de 1934, escreveu 56 quadras!
Aqui deixo a primeira quadra escrita por Fernando Pessoa, com 7 anos e dedicada à sua Mãe e que se pode ler na lápide da casa da Rua de São Marçal onde o Poeta viveu:

À minha querida mamã

Ó terras de Portugal
Ó terras onde eu nasci
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti

26-7-1895