sexta-feira, 31 de julho de 2015

CONTOS PHANTASTICOS

Não estranhem a grafia do título. 
Vou falar-vos hoje dum livro editado pela Parceria A M Pereira no século XIX.
Theophilo Braga (era assim que se escrevia ao tempo), publicou os seus contos inicialmente no Jornal do Commercio (assim mesmo se escrevia na época). Mais tarde (1865) foram reunidos num volume com cuja publicação, lamenta o autor, "achei-me cercado de ódios".
Anos volvidos, refere o Autor "Uma carta do meu bom amigo António Maria Pereira surprehendeu-me, manifestando o desejo de fazer uma nova edição d'estes Contos".
Logo acrescenta o autor no prefácio da segunda edição de 1894: "Como recusar-me a uma tão honrosa proposta?".
Aqui vemos como a coragem do Editor e a grandeza de ânimo do Autor (que haveria de ser Presidente da República), se congregam para a publicação duma obra incómoda, incompreendida e todavia tão relevante.
Note-se, por outro lado, como a Língua Portuguesa, como grande Língua viva, evoluiu na sua grafia e atentem os contemporâneos como esta evolução é condição natural e necessária à sua sobrevivência.





domingo, 12 de julho de 2015

É PRECISO AVISAR TODA A GENTE

A Parceria A. M. Pereira tomou a louvável iniciativa de publicar, na década passada, um conjunto de livros com textos de Natália Correia.
São três volumes de textos escritos ao longo de 35 anos e que deste modo se disponibilizaram aos leitores em geral e aos admiradores da Poetisa e mulher de cultura em particular.
A escritora açoriana questiona o seu tempo, toma posição, mostra coragem e frontalidade e isso é tão notável como raro.
Nestes textos, Natália Correia escreve sobre Portugal e e os Portugueses, com a sua lucidez e argúcia e interpela-nos sem piedade.
Uma prosa desafiante e sempre atual, como o belo texto que dá o título a esta entrada de que cito um pequeno excerto: "É preciso avisar. Avisar o público contra os salteadores da prosa que, agachados nas moitas de certos suplementos literários(não sei se todos) saltam sobre a prosa alheia que querem depradar, reduzindo-a, com a ajuda da tesoura, ao texto que melhor se afeiçoa aos rancores que burilam em pateada crítica".






O 4º ANTÓNIO MARIA PEREIRA

Como certamente saberão, a Parceria António Maria Pereira foi fundada em 1848 pelo 1º António Maria Pereira
A história da Parceria, desde a fundação no século XIX, mereceu o registo precioso, delicado e sentido de Antónia Maria Pereira, uma descendente do fundador, no livro em boa hora editado pelo meu Amigo Carlos Pina Cabral "Parceria A. M. Pereira: Crónica duma dinastia livreira".
No final de 2013, Antónia Maria Pereira completou um outro livro, desta vez sobre o seu irmão, o 4º António Maria Pereira
Ato de justiça e reconhecimento, traça a biografia do mui ilustre advogado e humanista, num registo surpreendente daquela que foi uma figura marcante da segunda metade do século XX em Portugal.
Este livro constitui uma leitura imprescindível para conhecer esta personalidade marcante e ímpar.


  

quarta-feira, 8 de julho de 2015

UMA HISTÓRIA NOTÁVEL DA FEIRA DO LIVRO

Ninguém tem dúvidas que um excelente Professor nos marca para a vida. 
Muitos de nós recordamos com saudade um Professor que nos abriu os horizontes, que foi capaz de nos levar a ultrapassar barreiras ou que nos ajudou a descobrir um autor que ficará uma referência para toda a vida.
Vem esta introdução a propósito da sessão de autógrafos que o meu Amigo Arquiteto A. Campos Matos acedeu fazer na Feira do Livro de Lisboa deste ano, uma honra enorme, já que foi uma estreia absoluta.
Uma das leitoras que comprou vários livros livros para autografar deu-nos conta que uma parte deles se destinavam a ser oferecidos à sua antiga Professora de Português, atualmente com 94 anos e com com quem aprendeu a admirar Eça de Queiroz.
Um gesto extraordinário e dum grande humanismo, infelizmente tão raro nos dias de hoje.



terça-feira, 7 de julho de 2015

A LISBOA DE EÇA, PELA MÃO DE A. CAMPOS MATOS

É com enorme satisfação que vemos a 2ª edição do "Roteiro da Lisboa de Eça de Queiroz e seus arredores" chegar às mãos dos leitores queirozianos.
O livro tem merecido destaque nas principais livrarias (na foto, Livraria Bertrand do Chiado).
Para além da utilidade inegável para quem aprecia Eça e quer saber mais sobre as variadas referências a Lisboa na sua obra, o livro regista para as próximas gerações muita informação que, de outro modo, se perderia.
Apenas a título de exemplo, quantos saberão que a sova com que Carlos da Maia mimoseia o Eusebiozinho no Largo da Abegoaria é o atual Largo Rafael Bordalo Pinheiro?