sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

UMA FACA NOS DENTES

António José Forte é uma das mais belas, inquietantes e poderosas vozes da poesia portuguesa do século XX.
Diz Herberto Helder no prefácio do livro «Uma faca nos dentes»: «A voz de Forte não é plural, não é directa ou sinuosamente derivada, não é devedora. Como toda a poesia, verdadeira, possui apenas a sua tradição, no caso a tradição romântica no menos estrito e mais expansivo e qualificado registo, uma tradição próximo de nós esclarecida pelo surrealismo, imemorial, dinâmica, abrindo para trás e para diante, única maneira de entender-se uma tradição...».
Para além dos poemas de Forte, o livro está enriquecido com ilustrações e fotografias de Aldina, mulher do Poeta.
É também deste Autor o livro de poesia infantil «Uma rosa na tromba de um elefante», reeditado no final do ano passado e igualmente ilustrado por Aldina.

Aqui fica um excerto do poema «O poeta em Lisboa», que muito aprecio:

Quatro horas da tarde
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.

Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.

Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.


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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

PENSAR LISBOA, COM QUEM SABE

Não há muitos contributos válidos sobre o que deverá ser Lisboa no futuro.
Neste cenário deprimente, o Arquitecto Manuel Graça Dias tem o enorme mérito de ter publicado o seu pensamento sobre o futuro da cidade de Lisboa na entrada do 3º milénio.
A Parceria teve o privilégio de publicar o seu livro «Passado Lisboa Presente Lisboa Futuro», num arranjo gráfico distinto, com duas capas e dois miolos justapostos, que inclui visões da cidade de Melo de Matos, Fialho D'Almeida e de Reinaldo Ferreira publicadas no início do século passado e a sua própria, virada para o nosso futuro.
Livro de leitura essencial para todos os que têm poder de decisão na cidade e que abre os horizontes para uma discussão necessária e estruturante para um futuro pleno da cidade e para a sua humanização.
O Arquiteto oferece-nos um «contributo para o reencontro de novos caminhos de construção de um futuro urbano que todos desejaríamos mais amável, solidário e moderno».
O livro poder ser comprado no nosso sítio (www.parceriaampereira.pt) ou nas principais cadeias de retalho (por exemplo, FNAC, Bertrand, Bulhosa, BookHouse) e em centenas de livrarias espalhadas pelo País.


 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

OS GIRASSÓIS DE RUI HERBON

Será surpresa para alguns mas é um facto indesmentível: Rui Herbon é um dos jovens escritores portugueses mais premiados!
A Parceria tem o privilégio de ter editado inúmeras obras do Autor.
Falo-vos hoje de «Os girassóis». 
Diz Urbano Tavares Rodrigues no prefácio que «Este é, por certo, um dos mais originais romances que ultimamente li, insólito e complexo, invulgarmente rico de ideias e sentimentos».
O livro, acrescenta Urbano Tavares Rodrigues, «tem um final surpreendente e muito belo» e «poderá tornar-se em breve um livro de culto..., uma obra a descobrir incessantemente e com passaporte para o futuro».




Lista de prémio atribuídos ao Autor:

  • Prémio Eixo-Atlântico de Narrativa Galega e Portuguesa 2002, com o romance "Voar como os pássaros, chorar como as nuvens (um filme português)"
  • Prémio António Paulouro 2004, com o romance "Absinto (a inútil deambulação da escrita)"
  • Prémio Afonso Lopes Viera 2005, com o romance "Um eterno retorno"
  • Prémio Orlando Gonçalves 2005, com o romance "Um eterno retorno"
  • Menção Honrosa no Prémio Alves Redol 2005, com o romance "Um eterno retorno"
  • Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal 2007, com o livro de contos "A preto e branco"
  • Prémio Maria Matos 2007 de Dramaturgia, com a peça "Masoch"
  • Prémio Literário Cidade de Almada 2008, com o romance "O romper das ondas"
  • Prémio Literário Almeida Firmino 2008, com a colectânea de contos "Jogos de artifício"
  • Prémio Literário Branquinho da Fonseca (de Conto Fantástico) 2009, com "A chave"
  • Grande Prémio do Teatro Português (SPA/Teatro Aberto) 2010, com "O álbum de família"
  • Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal 2010, com o livro de contos "A febre dos dias"
  • Menção Honrosa no Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes 2011, com o romance "Mariana"
  • Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca 2012, com "O prazer dos estranhos"

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

FUTEBOL DE VETERANOS À QUINTA FEIRA

Como refere José Jorge Letria no prefácio de «Adágio, Romanza e Grave», Américo Brás Carlos «ao contrário de outros poetas, tem uma vida que se estrutura e afirma fora da poesia».
Lendo os poemas deste belo livro «...percebe-se que foi a vida que, na sua interioridade emocional e confessional, levaram Américo Brás Carlos a tornar-se poeta...», continua o ilustre prefaciador.
E logo acrescenta: «Não estamos, porém em presença de um capricho poético passageiro e inconsequente» já que o Autor revela «uma voz própria, pessoal e intransmissível que se detecta em vários poema desta colectânea».
Um dos meus poemas favoritos deste livro é o poema «Futebol de veteranos à quinta feira», que aqui se reproduz.

Buscando contra o tempo o nosso graal
acreditamos, enganados por instantes
que as jogadas espectaculares, mirabolantes
e aquele golo putativamente genial
marcado entre roturas e distensões,
têm o mesmo brilho que tinham dantes
e fazem o delírio de milhões.

Fintando Cronos, obstinados, com peneiras,
anda por aqui um anúncio de eternidade.
Sexagenários jogam todas as quinta-feiras,
lutando com arreganho e com vaidade
contra as suas eternas companheiras:
- As mazelas da "puta da idade".

É tal a loucura com sentido,
a paixão à solta em desafogo!
Que se tudo fosse compreendido
e os termos também fossem certeiros.
os segundos que dura o jogo
chamar-se-iam primeiros.

- Até quinta companheiros!






sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A. VICTORINO D'ALMEIDA NA PARCERIA

Todos conhecemos o famoso António Victorino D'Almeida. E conhecemos sobretudo a sua faceta de melómano e maestro.
Pois para quem não sabe, António Victorino D'Almeida é também escritor e homem de letras.
Prova cabal é o seu livro de 1968, editado pela Parceria A. M. Pereira, intitulado sugestivamente «Histórias de lamento e regozijo».
Neste irreverente livro mostra muitas qualidades: a fluência de ideias, a temática incisiva, o sentido aguda da observação, o estilo com o seu quê de cinematográfico, o traço vincado da caricatura e, sobretudo, a profunda humanidade que se desprende destas histórias.
Surpreendentemente (ou talvez não), o livro logrou escapar à censura.







segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

UMA ROSA NO JORNAL DE LETRAS

A re-edição do livro de António José Forte (ilustrado por Aldina) «Uma rosa na tromba de um elefante» mereceu a recensão do prestigiado «Jornal de Letras».
Diz o JL que «Aqui, há um cavalo com um rabo cor de burro quando foge; uma pulguinha a quem deram o nome de Dançarina; um arco-íris que é uma borboleta gigante; uma abóbora-menina; e muitas bicicletas porque, para o autor, são os automóveis dos poetas».
O livro estava esgotado há muitos anos, foi agora re-editado e está disponível nas principais livrarias, como se pode ver na foto infra em que aparece o livro em destaque na FNAC de Cascais.






sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

CARTAS DE CAMILO A ANTÓNIO MARIA PEREIRA

Como já aqui tínhamos escrito, Camilo é um escritor da casa. 
Com efeito, a Parceria editou-lhe imensas obras e a «Colecção Camiliana» incluía 80 volumes!
Camilo escreveu inúmeras vezes a António Maria Pereira.
Na comemoração do 125º aniversário da Parceria (em 1973), o ilustre camiliano Alexandre Cabral coligiu as cartas de Camilo ao seu editor, numa edição esgotada há muitos anos.
A primeira carta data de 21 de Janeiro de 1861 e nela Camilo propõe a venda do seu romance «A fidalga dos Olivais», por 25 libras. 
Relembre-se que nessa altura, Camilo estava preso na cadeia da Relação do Porto, respondendo pelo crime de adultério.
Como Camilo nunca publicou um romance com este título, Alexandre Cabral entende que se trataria antes do livro «Romance dum homem rico» e que a Fidalga dos Olivais afinal seria a «infeliz e volúvel amorosa Leonor» daquele romance.








quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

PELO ORIENTE, COM WENCESLAU

Wenceslau de Morais foi escritor ilustre e Cônsul de  Portugal em Hiogo, Kobe e Osaka, no Japão.
Perfeitamente identificado com o Japão e casado com uma japonesa era muito querido no Japão onde era conhecido por «Senhor Portugal».
Wenceslau de Morais era considerado uma das máximas autoridades no conhecimento  da natureza dos japoneses.
A Parceria editou toda a sua obra, nomeadamente, o livro «Traços do extremo oriente», editado em 1971, de leitura muito agradável.






terça-feira, 6 de janeiro de 2015

FÉRIAS COM SALAZAR (FAC-SIMILE)

A Parceria A M Pereira editou, em 1952, o famoso livro de Christine Garnier «Férias com Salazar». Editado originalmente pela Grasset & Fasquelle, com fotos de Rosa Casaco, o livro pretende ser um documento humano (e não político).
Dado o livro estar esgotado há longos anos, a Parceria promoveu uma edição fac-simile em 2009 (que se pode adquirir nas principais livrarias ou no nosso sítio).
O livro continua a merecer uma leitura e uma reflexão ponderada e sem radicalismos, já que nos dá conta do que foi o nosso passado relativamente recente.